
Texto-base: Jeremias 51.45; Romanos 12.1-3
Na jornada cristã, marcada por provações e enfrentamentos, é inevitável o confronto com a sabedoria deste mundo — vã filosofia que relativiza a verdade revelada. Recentemente, observei com clareza esse embate retratado na mais recente adaptação cinematográfica de O Peregrino, clássico da literatura cristã. Ali, o personagem cristão se depara com o "sábio segundo o mundo", figura que representa aqueles cuja cosmovisão está fundamentada no achismo, e não nas Escrituras.
Quando o cristão começa a relativizar a autoridade das Escrituras, sua obediência ao Senhor torna-se estéril. A negligência em considerar a Bíblia como norma absoluta de fé e prática conduz inevitavelmente ao pragmatismo moral e ao subjetivismo ético. Tal postura é incompatível com a vocação santa daqueles que foram chamados para viverem segundo os decretos do Senhor (Sl 119.105; 2Tm 3.16-17).
O apóstolo Tiago adverte: “Qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4.4). Desde sua queda, o adversário tem empenhado todos os seus artifícios para desviar aqueles que confiam mais em sua razão autônoma do que na Palavra infalível de Deus. Esta inclinação para a independência espiritual é um dos traços mais agudos da depravação total (Rm 1.21-22).
Vivemos em uma era onde os valores da sociedade caída refletem inversões morais profundas. Não se trata apenas de um dilema da juventude, mas de um ethos contemporâneo que exalta a autodeterminação enquanto despreza a obediência amorosa a Deus (Is 5.20). Muitos chegam à maturidade resistindo à santificação, preferindo manter costumes que gritam, ainda que de forma velada, o desprezo pelo senhorio de Cristo.
Consideremos, então, a perfeita obediência do nosso Redentor. Jesus, 100% Deus e 100% homem, nunca vacilou em sua missão de ser o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Em sua agonia no Getsêmani, não se rebelou, mas submeteu-se à vontade do Pai: “Todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc 22.42). Sua entrega nos ensina que a verdadeira sabedoria está na obediência sacrificial (Fp 2.8).
O apóstolo Paulo nos exorta: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente” (Rm 12.2). A sabedoria segundo o mundo não apenas se opõe à vontade de Deus, mas corrompe a mente regenerada, impedindo o discernimento espiritual. Uma Igreja que deseja ser fiel deve resistir ao secularismo e submeter-se à Sagrada Escritura como única regra de fé e prática.
Estamos neste mundo, mas não somos dele (Jo 17.16). Portanto, quem devemos obedecer: ao mundo com suas ideologias, ou ao Deus Santo que nos resgatou com sangue? Devemos mortificar nossos desejos carnais e anular, pela graça, os impulsos deste século mau (Gl 1.4; Cl 3.5).
Dedique-se, pois, à obediência plena ao Senhor. Rejeite a falsa sabedoria que tem como mentor o inimigo de nossas almas, e abrace a Palavra viva que nos santifica na verdade (Jo 17.17). Foge da Babilônia espiritual, como exorta Jeremias, e busca a renovação da mente para experimentar a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.
Autor: Deivison Gomes
Revisado por: Sem. Marcos Júnior